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Mensagem por JPDP Sex Out 15 2010, 07:58

Em Portugal não existe muito o hábito de partilhar a informação relevante que torna cada barco mais rápido. Cada um, tenta "esconder" os seus "pequenos segredos" que aqui e ali nos convencem que temos uma pequena vantagem.

O segredo de uma frota forte tem que ver exactamente com o contrario. Quanto maior for a competitividade dos nossos concorrentes, maiores são as possiilidades que temos de fazer evoluir o nosso barco. Quanto mais rápido estiver o barco, mais "tempo" temos para pensar na táctica.

O que sei por experiência propria é que, sem tempo para "pensar" durante uma regata, não é possivel fazer resultados numa frota competitiva.

Vou tentar aqui partilhar algumas ideias que, penso, me têm feito andar rápido nestes últimos meses. Todas as contribuições são bem vindas.

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Mensagem por JSilvaRamos Sex Out 15 2010, 08:29

Não podia estar mais de acordo, com o JPDP (nem sei quem é este rapaz). Nos anos em que andei bem de class 8, eu chegava a afinar os barcos da concorrência, pois era a unica maneira de nos divertirmos dentro de água. O pior que pode acontecer a uma classe é ser sempre o mesmo, ou os mesmos a ganhar. Isso cria um desinteresse geral. Posto isto, todos em força contra o Zé Pedro e o Prates. Juntos venceremos. Nem que os tenhamos que tapar na largada, que deve ser o unico momento em que estamos perto deles...
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Mensagem por JSilvaRamos Sex Out 15 2010, 08:54

Agora andar Rápido. Não falando nas afinações basicas dos carrinhos das escotas para pôr o barco equilibrado, gostaria de dizer algo acerca das valumas. O campeonato europa, nisso foi mt bom pois tivemos um 1º dia sem vaga e um 2º dia com vaga, geralmente pouco vento, rig a. Eu só me sinti rápido com o barco quase neutro, isto é tendencialmente valuma da vela grande para o aberta. É verdade, com mar liso a rapaziada das valumas fechadas (o puto hungaro, o Ginez) andam e orçam bem, mas para mim é mt dificil levar o barco, e por enquanto perco mais em velocidade do que ganho em orça. no segundo dia eles não se adaptaram e desapareceram, principalmente o puto hungaro. Continuaram de valumas fechadas e não andaram. Eu próprio na 1ª regata do segundo dia, o barco estava com tedência para orçar (valuma fechada, mais que carrinho da VG ao centro) batia nas ondas sem velocidade e eu a lutar mt com o barco.
Abri a valuma, barco quase neutro, facil de levar e velocidade. É verdade que às vezes sou eu que o faço orçar, que o barco não procura tanto o vento quando este abre, que taticamente é mais vantajoso ter um barco orçador(com velocidade ), mas para mim é muito mais facil de levar e o que ganho em velocidade compensa mt o que porventura perco em orça. Por isso é que não ando (ainda) em 1º, mas lá chegarei...
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Mensagem por João Prates Sex Out 15 2010, 12:52

É por isso que sou a favor da monotipia e as regatas que mais gosto de vêr são as de Match-racing onde o velejador se torna mais importante do que o barco.
O João tem toda a razão quando fala nas vagas da Hungria (não fosses tu o homem do alicate...). O fecho ou abertura das valumas torna-se fundamental para trabalhar a vaga. Com as vagas do segundo dia percisavamos de power nas velas, o barco tinha de ter força para sair daquele tormento. No meu entender, o Gines falhou no segundo dia por estar muito viciado a velejar em Altea, sem vagas. Tinha tudo muito fechado e o barco ficava a sofrer.
Bem, tenho de sair, depois volto.
Abraço
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Mensagem por João Prates Sex Out 15 2010, 13:19

Voltei!
Outro assunto de maior importancia é a queda do mastro.
Durante anos de MM andei com o mastro muito vertical o que me dava o leme muito neutro, por vezes tinha de orçar para obter um bom ângulo de bolina. Ficava muito contente porque o barco navegava sozinho, sem percisar de ajustes de leme...
Agora tenho muito mais queda no mastro, o barco orça sozinho e tenho que estar sempre a arribar para o mantêr no ângulo correcto.
Já nos barcos grandes se deve mantêr uns 5º de leme para o barco seguir a direito, conforme o casco claro.
Isto trás uma grande vantagem, quando vem entra rajada o barco arranca á orça. Com o mastro mais direito ele tende a arribar um pouco para depois voltar ao rumo correcto. Neste processo a diferença é que o barco com maior queda de mastro ganha barlavento em cada rajada. Isto, ao fim de uma bolina, pode dar uns metros de vantagem.
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Mensagem por NunoP Sex Out 15 2010, 20:18

eu nos últimos dois anos creio que poderia era criar um tópico chamado "Andar devagar".

Andem com as minhas velas andem....
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Mensagem por JPDP Sex Out 15 2010, 20:20

Voces estão a andar depressa demais para mim...

Vou aqui começar pelo principio. E o principio é a PREPARAÇÂO do barco em si.

O MM é um barco muito pequeno mas muito marinheiro e, tal como nos barcos grandes, é muito importante que não tenha segredos para o seu skipper.
A fiabilidade do barco e a sua simplicidade são os factores chave para não haver supresas, avarias, e para que todas as regatas tenham um principio e um fim. Perdi (ou ganhei) muito tempo a conhecer todos os pormenores do meu barco, desde a electrónica até à sua mecanica interna. No principio a vontade foi complicar tudo. Ter o máximo de afinações possiveis, replicar tudo o que temos ao dispor nos barcos grandes. Mas complicar só atrapalha. Construí até agora 4 barcos (em menos de 2 anos), e a evolução sempre foi no sentido da simplificação até que consegui algo realmente minimalista. Todas as evoluções (simplificações) foram feitas para eliminar problemas (uma escota com maior atrito, o leme que não volta sempre ao "mesmo" centro",...) e é muito importante que cada problema que aparece seja resolvido.
Em Balaton, por exemplo, descobri um problema novo que estou agora a resolver: antes de uma largada no 2º dia, com a linha muito preenchida, um barco folgou o meu back estai e o resultado foi um desastre. Fiquei em 15º nessa regata e fui o último a não descer de frota. Esta "avaria" nunca me tinha acontecido. Só aconteceu porque havia vaga e provavelmente a ponta da retranca do estai desse adversário enganchou no meu afinador de back-estai. É improvável mas aconteceu e não pode voltar a acontecer. Em Balaton à entrada para a última regata eu levava 1 ponto de avanço ao João e 4 ao Steven. Só aqui perdi 15. Quero com isto dizer que todos os pontos contam e, para ganhar, é necessário que tudo corra bem. Já no primeiro dia o mesmo aconteceu ao João. Uma troca de pilhas fora de tempo custou-lhe uma regata (ia ganhar ou ficar em 2º no máximo), uma descida à frota B, 20 pontos, e quase um ataque de nervos à entrada para a última regata. Ambos gastámos um descarte nestes incidentes, que podem por em causa uma vitória.

Voltando ao principio fica a minha recomendação: Percam muito tempo com a preparação do barco e eliminem TODOS os problemas que apareçam, mesmo que achem que estes não se vão repetir.

E tenham tudo o mais SIMPLES possivel. Quanto mais complicado, maiores são os problemas potenciais.

JP


Última edição por JPDP em Seg Out 25 2010, 13:52, editado 1 vez(es)
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Mensagem por JPDP Dom Out 17 2010, 19:57

O problema com o back estai está resolvido. O afinador deixou de estar no próprio back estai, à ré, e passou para o fundo do barco, onde dificilmente algum adversário lhe chegará sem causar muito estrago. Introduzi e vou exprimentar uma pequena complicação (um macaco igual aos do "boom jack" de origem em conjunto com o afinador) para tentar ganhar sensibilidade numa das mais importantes afinações que estes pequenos barcos têm.

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Mensagem por João Prates Dom Out 17 2010, 21:58

Ai, ai, lá se foi o "keep it simple"... Very Happy
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Mensagem por JPDP Ter Out 19 2010, 15:15

Foi hoje a exprimentar o novo back estai... Funciona muito bem, mas necessita ainda de uma... simplificação.

Ganhou muita sensibilidade na afinação mas tenho dificuldade em faze-lo só com uma mão quando estou a agarrar no barco(e isso vai mudar).

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Mensagem por JSilvaRamos Ter Out 19 2010, 15:33

Será que posso pedir ao estaleiro esse novo upgrade e uma quilha nova?
era só para eu não arranjar nenhuma desculpa psicológica para o facto de tu andares sempre à minha frente...Aliás, como vocês demonstraram em castelo de bode, os lugares nada têm a ver com o skipper mas sim com o barco...PLEASE
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Mensagem por NunoP Ter Out 19 2010, 18:19

Com a publicidade que andas a fazer ao estaleiro acho que o número de clientes do mesmo vai aumentar....

Mas foi a tua voz que ouvi a descrever o novo sistema de back estai com um macaco como o do boom Jack. Não é dificil de fazer...

Eu prefiro o sistema antigo. Torna as regatas mais aleatórias
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Mensagem por JSilvaRamos Qui Out 21 2010, 09:28

Mais uma questão em relação às valumas (eu e as valumas , deve ser "mania")
Muitas vezes afinamos as valumas com o barco na mão, e estou-me a referir, principalmente com pouco vento, rig A, até abanamos o barco de um lado para o outro para criar vento nas velas, pensamos que estão bem, pomos o barco dentro de água, e às vezes estão fechadas a pau, outras vezes abertas. Obviamente que com o barco dentro de água a andar o vento, com maior ou menor intensidade, pelo menos é mais regular. Penso que, geralmente, as valumas, com o barco na água ficam, mais fechadas que quando o afinamos na mão.
Qual é a vossa experiência, é que há planos de água, ou quando estamos em cima do tempo da regata, que quase não temops tempo de afinar e tem que ser à primeira.
Abraços e boas valumas
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Mensagem por AMascarenhas Qui Out 21 2010, 13:46

alien Uma ideia é usares as marcas que tens feitas no teu barco e registares os valores e as condições num caderno para as poderes usar, è para isso que se fazem marcas e existe o papel e o lapis. HiHiHi.
Um abraço
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Mensagem por JPDP Qui Out 21 2010, 13:51

Também acho. E dava muito mais tempo a outros para afinarem as suas proprias valumas...

Eu por mim gosto de afinar as valumas com o barco no berço a receber o vento que está. Dou depois uma volta para ver como ficam e volto a mexer o necessário. À última hora é sempre por instinto...
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Mensagem por JPDP Qui Out 21 2010, 17:11

Aqui vai o capitulo 2º - Preparação do RIG
Independentemente das velas que usamos, sejam estas VAM, Graphite, Black Magic, ou mesmo Nuno Pimenta, o conjunto destas com o mastro e a retranca, e a respectiva montagem (RIG) é a variável que, na minha opinião, mais influencia o andamento do MM.
Um bom RIG necessita de ter 4 características:

1ª - Ser o mais “baixo” (e leve) possível.
Qualquer barco anda mais se estiver mais “direito”, não só porque é desenhado para ser assim, mas também e sobretudo porque “deriva” menos para o lado por acção do patilhão, se estiver mais direito. Por oposição, se estiver “deitado” a 90º só anda para o lado.
“Baixa-se” o RIG minimizando a altura do “boom jack” (para o mínimo que permite que a retranca passe por cima da tampa do barco sem lhe bater), e minimizando também a altura a que a retranca do estai anda do convés.
Alguns fabricantes de velas reduziram a altura da vela grande em 1 ou 2 cm (para menos do que o máximo permitido), para permitir “baixar” ainda mais o RIG, perdendo com isto muito pouca área vélica.
O ser “baixo” implica também ter o menor peso possível, considerando a alavanca significativa que constitui o mastro.
No meu caso, utilizo uma vara de carbono bastante rígida e leve de 6mm (sky shark), com o “boom Jack” de origem rebaixado, e retrancas iguais de 6mm.

2ª - Ter o centro vélico o mais para trás possível.
O MM é um barco “mole”. Isto quer dizer que não tem tendência para orçar por si e que tende a perder o fluxo de ar nas velas (e por isso a perder andamento) se for deixado sozinho a navegar. É fundamental que o centro vélico seja montado o mais para trás possível para contrariar esta tendência. A maior parte deste factor é determinado pelo desenho das velas. O que podemos fazer no RIG é montar o estai tão atrás quanto possível (e assim trazer o centro vélico para trás). O único contra é que isto faz perder tensão na valuma do estai (ao reduzir a alavanca porque chegamos para a frente a ligação da retranca do estai ao convés), o que obriga a andar com maior tensão no back-estai (o que pode ser prejudicial).

3ª – Ser o mais “solto” possivel
Particularmente no RIG A, é muito importante que todas as peças (boom-jack, etc) façam o menor atrito possível para que as velas (grande e estai) reajam às mais pequenas rajadas de vento (daí a importância de andar com pouca pressão no back-estai para reduzir a força que faz a ligação da retranca do estai ao convés)

4ª – Ser muito fácil de montar e desmontar
Isto é particularmente importante quando o intervalo entre regatas é curto, porque nos possibilita mudar um RIG em função de alterações de vento. Hoje consigo mudar um RIG em 30 segundos e isso é uma grande vantagem quando há instabilidade no tempo.

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Mensagem por JPDP Ter Nov 09 2010, 21:19

Capitulo 3º - Afinação do mastro e das velas

Conseguir uma boa afinação das velas é o factor critico para que se consigam bons resultados, particularmente em regatas por frotas.
Com o nível competitivo que vi no último campeonato Europeu, descer de frota, ou não ficar logo na frota A nas regatas preliminares, significava correr um risco significativo de permanecer na frota B por um longo periodo, tal era o nível dessa frota, muito mais elevado do que o que vimos em Faro em 2009.
Grandes velejadores como o John, o Mike ou o Magnus tiveram muitas vezes dificultades em voltar à frota A, o que justifica em parte os resultados que obtiveram (cada vez que não subiam contava logo pelo menos 20 pontos).
Por esta razão não se podem cometer erros na afinação base do barco, que deve estar interiorizada, ser fácil de obter, e produzir um resultado satisfatorio.
Passos para obter uma correcta afinação:

Afinação do mastro:

1. Folgar totalmente a adriça do estai, o estai real e o back estai.
2. Por o mastro o mais para trás possivel (se usam o sistema original da Graupner há que folgar os parafusos que seguram a enora).
3. Verificar a que altura fica a retranca da canopia com o mastro nessa posição
4. Caçar o estai real e o back estai de modo a que o mastro não mude de posição e que fique direito (sem curvatura)
5. Ajustar a adriça do estai (não fica em tensão).
6. Verificar de novo se a altura da retranca à canopia não sofreu alterações. Se sofreu ajustar de novo o estai real e o back estai para corrigir. Verificar que o mastro não ganhe curvatura (com pouco vento fica totalmente direito; com mais vento fica ligeiramente curvado porque se tem de aumentar a tensão do back estai até evitar que a testa do estai bata)

Esta é a minha afinação base do mastro. Apenas não esquecer que devemos ter o amantilho do estai numa posição proxima da que vamos utilizar, porque a afinação do amantilho do estai tem o mesmo efeito que a afinação do back estai: quando se mexe num TEM de se alterar o outro.
Se, depois de testar o barco, tenho necessidade de mexer no amantilho do estai, refaço a afinação base em conformidade.

Tudo isto funciona em iterações. Há que ir para a agua, escolher um adversario rápido, ver o andamento e a orça, voltar ao berço para re-afinar.

Nota sobre o mastro: é importante que o mastro seja o mais leve e mais rigido possivel. É sempre preferivel ter um mastro com 6mm do que um mastro com 5mm porque se consegue reduzir a sua curvatura (devido às limitações impostas pelas regras do MMI, as velas do Micro Magic não são desenhadas para terem curvatura no mastro, pelo menos nos rigs maiores). No meu caso uso o Skyshark de 6mm que é um excelente mastro.

Hoje fico pelo mastro

Abraço

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Mensagem por YSub Qui Nov 11 2010, 15:22

Boas tarde a todos,

Ora aqui está um post muito interessante, principalmente pelo principio com que concordo a 200%. Há que perceber que nos treinos o que interessa é melhorar e não ganhar. Para isso, deve ser esse o espírito, melhoria contínua para todos sermos melhores.

Outra coisa que acho fundamental é manter um espírito porreiro, de ajuda, para não haver frustrações e no fundo nos divertirmos, mesmo sendo competitivos!
Depois, nas provas, é cada um por si, e há que convencer o outro a desafinar Twisted Evil a coisa mesmo, hehehe.

Antes da prova de Faro, tb aprendemos que registar os resultados ajuda muito, muito a melhorar a performance do grupo. Assim que tiver umas noites mais leves vou rever a app de regata para o ipad.

Estou agora a regressar às lides e por isso já nem sei como pôr o barco a andar, mas a coisa vai lá...
Este fds lá estarei na prova com o meu material - que já percebi que está a ficar desactualizado - para ver como anda a moda.

Já agora em relação ao estilo/afinação, o que gosto é de ter um barco que ande, não perca velocidade e com uma afinação que me permita "exceder os limites do eficiente" para quando for preciso, ex: 20cm para chegar à boia, poder sacrificar velocidade se for preciso.

Já agora, o que aprendi neste regresso foi que o essencial que se "desaprende" quando estamos uns tempos fora é a regularidade e a racionalidade nas decisões dentro de água (além de saber como se põr o barco a andar, claro!).

Abraços a todos e obrigado pelas dicas. Assim que eu tiver alguma informação útil para partilhar, cá postarei!
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Mensagem por Luis Pinheiro Sex Nov 12 2010, 21:38

Capitulo 2º - Preparação do RIG
Aqui está o exemplo claro do que o JPDP nos explicou..... Andar rápido Th_micro_nat's_057
lol!
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Mensagem por JPDP Ter Nov 16 2010, 12:48

Este é um dos primeiros barcos da frota dos USA. Podes ter a certeza que a evolução por lá será rápida neste capitulo...
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Mensagem por Convidad Ter Nov 16 2010, 22:23

[quote="JPDP"]

(devido às limitações impostas pelas regras do MMI, as velas do Micro Magic não são desenhadas para terem curvatura no mastro, pelo menos nos rigs maiores)

JP[/quote]


http://www.int.magicmicro.org/MMI_rule.pdf

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Mensagem por JPDP Ter Nov 16 2010, 22:38

Obrigado Renato.

Como se pode ver na figura que consta no link, a projecção da testa para a frente, tanto na vela grande como no estai, é pouco significativa, e é normalmente utilizada pelos fabricantes de velas para "dar mais saco" às velas, ou para receber a pequena curvatura do mastro que resulta da utilização de um back estai mais tenso.

Bem, voltemos às velas:

Quando afinamos as velas de um barco para um percurso barlavento sotavento - que é o que usamos nos MM - temos normalmente dois objectivos, contraditórios entre si, que são a obtenção da maior velocidade possível e o conseguir navegar à bolina no angulo mais fechado possível face ao vento.
Estes objectivos são contraditórios porque as afinações que utilizamos para fazer o barco andar mais colado ao vento tornam este lento, e as afinações que usamos para fazer o barco andar rápido fazem com que o angulo ao vento seja maior. Isto obriga a um compromisso que é ajustado para cada condição de vento e de mar.
Nos barcos grandes (mesmo grandes) temos hoje intrumentos electronicos que calculam e optimizam o angulo ao vento que maximiza a velocidade do barco para barlavento (chamam-lhe VMG: velocity made good, ou em portugues velocidade do barco para a frente em direcção ao vento). Nesses barcos temos tudo calculado à partida (polares) e, para cada velocidade de vento, sabemos qual o angulo que devemos estar a fazer, e afinamos o barco para esse angulo de modo a obter a VMG maxima (que também sabemos qual deve ser, pelo que temos um indicador númerico do sucesso da afinação que estamos a dar ao barco). Depois é só "mão de leme", ter em conta o estado do mar (vagas), ter alguem que pense bem a regata, e ter tudo coordenado entre a tripulação.
Nestes pequenos barcos temos que nos guiar pelo instinto quando estabelecemos o set base inicial de afinação das velas. No entanto, os factores decisivos para a afinação são exactamente os mesmos.
Uma vez mais estamos a falar de um processo obtido por tentativa e avaliação, e repetição até se chegar a um resultado satisfatório, e é essencial ter como referência um barco adversário rápido que nos permita avaliar o angulo de orça e a velocidade para a frente. As regatas de treino em qualquer campeonato internacional servem perfeitamente para este objectivo, mas um adversário que sabemos à partida que é rápido serve também perfeitamente para essa avaliação. Como se disse atrás, ter um barco rápido permite-nos pensar devidamente na regata, já que nestes MM não temos ajuda de uma tripulação e temos de fazer tudo sozinhos. Se não temos um barco rápido vamos estar sempre a pensar em como o por a andar mais, e esquecemos por completo a regata.
Quando chegamos a uma afinação base ela deve ser "marcada" no barco (ou na memoria) de modo a que se tenha sempre um ponto de partida satisfatorio, sendo "só" necessário fazer um "fine tunning" para ajustar à condições no momento.
Como já foi dito, as regatas disputadas por frotas (HMS) obrigam a um grande acerto do barco à partida e "ir afinando" o barco não é opção.

(continua...)
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Mensagem por NunoP Ter Nov 16 2010, 23:39

Creio que talvez o Renato quissesse chamar a atenção para as medidas das velas.
De facto as medidas máximas permitem uma testa com 4mm no seu ponto máximo.

Para usarmos uma testa maior temos de encurtar o tamanho geral das velas de forma às velas caberem no espaço dessa medida máxima.
Isto significa que nos Rigs mais pequenos por vezes se usam testas maiores onde a inclinação do mastro já pode ser usada como afinação base.

No Rig A comum precisamos de um mastro direito de forma a que a testa da vela induza saco no ínicio da vela.

Na realidade o que o Zé Pedro escreveu é quase, quase correcto. Com uma vela com as medidas máximas creio que ainda podemos dar um nadinha de nclinação ao mastro depedendo muito do tipo de velas que usamos e do tipo de saco induzido pelos paineis.
As velas que o Zé Pedro usa, as VAM, que são provavelmente as melhores velas da actualidade, têm uma testa ligeiramente mais curta que as medidas máximas. O ponto onde a flecha é maior é de apenas cerca de 3 / 3.5mm. Daí o facto de um mastro estardireito ser muito determinante.
Com isto o Victor, construtor das VAM, terá conseguido um equilibrio muito bom das velas conseguindo um angulo de ataque das velas muito bom.
E digo muito bom porque as velas dele andam que se fartam...
Claro que se pode dizer que as velas do Victor podiam ter a Flecha máxima nos 4mm permitindo um pouco de inclinação do mastro. Sim, é verdade. O problema é que para terem o angulo de ataque que têm precisariam de um pouco de inclinação do mastro. Mastros diferentes inclinam de forma diferente. Diferentes posições da fixação do estai no mastro, tensões do estai, ponto de saída do backestai no mastro,..., implicam formas diferentes de inclinação do mastro. Logo qualquer inclinação mais descontrolada do mastro tem mais dificuldade em atingir o angulo de ataque da vela correcto ao longo do mastro.
Na realidade as velas teriam de ser feitas à medida do resto do rig em questão.

Uma das coisas engraçadas destes barcos é o facto de se ter de conseguir uma boa afinação para toda a regata. Ao invés dos barcos a sério, em que vamos mudando a afinação dinamicamente com a prova, nestes modelos estamos totalmente limitados a uma afinação com uma ou outra pequena manha.

Uma das coisas que dificulta a construção de velas dos modelos é a escala. um mm a mais ou a menos em alguns sitios transforma a que seria uma vela rápida numa vela vulgar...
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Mensagem por Convidad Qua Nov 17 2010, 14:39

Ola
Sou novato nas lides e tenho acompanhado varios foruns da modalidade.
Aqui na Madeira a grande maioria usa Graffiti sails, e eu também comprei tudo completo (mastro, vela etc etc).
Ao ler estas informações colocadas pelo o JPDP fiquei na duvida e então coloquei o post com o link do desenho das velas.
Após a leitura do post do NunoP fiquei todo baralhado pois a minha velaA (grafitti) tem na parte da frente uma curva enorme como podem ver nasfotos.
Será que estão mal montadas / cortadas. Embarassed


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Mensagem por JSilvaRamos Qua Nov 17 2010, 15:15

Só posso ajudar, fazendo o raciocínio como nos barcos grandes.
Na realidade se esticarmos no chão as velas dos nossos barcos, sem fazer mais nada, vemos que elas têm uma curvatura de testa imensa.Isso tem a ver com o facto de uma vela ser um ser tridimensional e estarmos a poisa-lo no chão, duas dimensões. Nas velas grandes o que se faz, para obstar isto é fazer uma dobra tipo harmónio, ao longo da testa e imediatamente junto a esta, para que a testa não seja influenciada pelo saco da vela. Nestas velas tão pequenas penso que seja dificil, mas o principio é o mesmo, a testa que queremos medir esteja tão próximo quanto possivel das uas dimensões. explicação dificil, mas quando estivermos juntos demonstro melhor. Abraços
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